O MEDO é um fenômeno complexo que se manifesta de várias formas e tem raízes profundas no inconsciente. É um tema fascinante e multifacetado na psicanálise, revelando muito sobre nossa psique e experiências emocionais.
O pediatra e psicanalista Donald Woods Winnicott, abordou o conceito de medo em suas múltiplas faces. Ele considerava o medo como um fenômeno afetivo de ordem defensiva. O medo servia como recurso de enfrentamento e comunicação, revelando a condição emocional da pessoa.
Para Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, o medo era uma emoção básica que podia surgir tanto em situações reais quanto em situações imaginárias. Ele acreditava que o medo era uma resposta natural e saudável do organismo diante de perigos reais, mas também poderia ser causado por conflitos internos e traumas psicológicos.
Os diferentes tipos de medo estavam relacionados às etapas do amadurecimento emocional, incluindo medos ligados à sobrevivência psíquica, à identidade, à separação da mãe e à ambivalência amor-ódio.
Na psicanálise, o medo não é sinal de fraqueza ou covardia, mas sim uma palavra que descreve sensações de desprazer diante de objetos, situações ou pessoas. O aprofundamento da pesquisa sobre o medo origina-se na observação e acompanhamento do sofrimento dos pacientes em suas sessões.
O medo, portanto, transcende as fronteiras disciplinares e nos convida a explorar suas múltiplas dimensões. Aqui estão algumas das ideias principais sobre o medo na psicanálise:
Medo como reação ao desconhecido
Freud sugeriu que o medo muitas vezes surge do desconhecido, do que está fora da compreensão consciente. Ele argumentou que os medos frequentemente têm raízes em experiências infantis, traumas ou conflitos não resolvidos.
Medo como resultado de conflitos inconscientes
Na visão psicanalítica, o medo pode ser visto como resultado de conflitos inconscientes entre impulsos e desejos reprimidos e os mecanismos de defesa que tentam manter esses conteúdos reprimidos.
Medo como defesa contra ansiedades profunda
Freud identificou duas principais fontes de ansiedade na psique: ansiedade realista (ou ansiedade objetiva, que surge em resposta a ameaças reais ao ego) e ansiedade neurótica (ou ansiedade moral, que surge do conflito entre impulsos id, superego e ego). O medo pode ser uma defesa contra essas ansiedades, pois desvia o foco da ansiedade para uma fonte aparentemente externa.
Medo como sintoma de conflitos não resolvidos
Na terapia psicanalítica, o medo pode ser explorado como um sintoma que aponta para conflitos psicológicos subjacentes não resolvidos. O trabalho terapêutico visa trazer à consciência esses conflitos e trabalhar para integrar conteúdos inconscientes, reduzindo assim o medo.
Medo como uma manifestação do superego
Freud também discutiu o papel do superego (a parte da personalidade que internaliza normas e valores sociais) na experiência do medo. O superego pode ser uma fonte de medo, criando ansiedades relacionadas à culpa ou ao julgamento moral.
Podemos dizer que, na psicanálise, o medo é considerado uma resposta complexa que pode ter raízes em experiências passadas, conflitos inconscientes e ansiedades profundas. O trabalho terapêutico visa explorar e compreender essas origens para ajudar o indivíduo a lidar com o medo de forma mais saudável.
Nesse sentido Freud afirma que:
“O medo é, portanto, por um lado, expectativa do trauma; por outro lado, uma repetição atenuada dele” (Freud, 1926/1977a, p.160).
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